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RESPEITAR é.......

Edimara de Lima


Há anos se fala no respeito à criança, nos seus direitos e necessidades; novas posturas se fazem necessárias. Velhos conceitos foram derrubados e novos paradigmas estão sendo construídos.

Vivemos tempos de transição que trazem a certeza do que não queremos ou não acreditamos e incontáveis dúvidas sobre o que desejamos.

No correr das últimas décadas li muitos autores e ainda me restaram algumas questões; na véspera de um encontro com professores, fui buscar no Mestre Aurélio a definição que me escapava: afinal de contas o que é “respeitar”?

Respeitar é “olhar muitas vezes para trás” e originou-se do latim respectare. Olhar a experiência, o já vivido, o conhecimento que se acumulou. Olhar muitas vezes para comparar, classificar, identificar, ordenar, para se chegar a conclusões acertadas e equilibradas.

Respeitar é “tratar com reverência, honrar”. Mais do que a heróis, reverenciamos aqueles que conquistaram autoridade pela vivência e pela sabedoria. Honramos nossos pais, assim como honramos os valores que nos são prioritários: a palavra dada, o compromisso assumido, as normas que regem a vida em sociedade. Honrar e reverenciar não eliminam a crítica e não exigem obediência cega, mas são parâmetros da moral que se vive e desejamos partilhar com a sociedade.

Respeitar é “temer, recear”. O medo e o receio não são sensações implicitamente negativas, mas sim qualidades da prudência, freio para impulsos e que proporciona o tempo necessário a análise que embasará a decisão , o ato, a ação. O temor de conseqüências ou de efeitos está em um dos pratos da balança e somente o equilíbrio nos leva à escolha mais adequada.

Respeitar é “tomar em consideração, atender a, considerar”. Olhar todos os ângulos de uma situação, de atitudes... para ponderar, escolher. Considerar pode ser reflexão de segundos ou de meses, somente o hábito e a experiência nos levam a incorporar esta atitude no cotidiano.

Respeitar é “seguir determinações, cumprir, acatar”. Cumprimos as etapas de instalação de um aparelho, a receita de um médico, as leis do país, as regras de trânsito. Podemos discutir e encaminhar nossos protestos ou razões através do diálogo ou mesmo do debate, mas enquanto a norma não for alterada, nós devemos cumprí-la.

Respeitar é “não causar dano a, poupar”. Novamente a análise e olhares, ora amplos, ora focados nos levam à melhor opção; muitas das regras e normas para crianças estão fundamentadas neste ângulo do respeito: não ficar próximo ao fogão quando alguém está cozinhando;não mexer na trava da porta do carro; estas e tantas outras que estabelecemos com o intuito de evitar danos físicos, morais ou emocionais.

Respeitar é “fazer justiça, reconhecer”. Reconhecer o próprio limite e o do outro, reconhecer que as necessidades do outro não são necessariamente iguais às minhas; ser justo não é tratar a todos igualmente, mas reconhecer diferenças e ampará-las, suprí-las; isso pode significar comprar objetos em diferentes quantidades e de valores diferentes para que sejamos justos com as diversidades familiares; ser justo e continente muitas vezes significa dizer “não”, ser questionador e suportar as discordâncias com calma e tranqüilidade.

Respeitar é “suportar, aturar, admitir, tolerar”. Tolerar incompetências, a raiva e a incompreensão do outro, tolerar os muitos decibéis no quarto do filho adolescente, a décima versão de uma mesma história contata por um idoso ou ler pela vigésima vez consecutiva a fábula predileta de um filho, sobrinho ou aluno; cozinhar um prato que se detesta, mas que é o predileto dos seus familiares. A tolerância é a qualidade da maturidade.

Respeitar é “referir-se a, dizer respeito”. Buscar a referência e a sabedoria do outro, ter a humildade de reconhecer sua ignorância e procurar fora de si mesmo o conhecimento que lhe falta. Ouvir antes de se pronunciar, de julgar, de proferir verdades, de contestar.

Respeitar é “estar na direção, apontar”. Orientar é construir diálogo, descobrir e direcionar novos procedimentos e garantir os primeiros passos de novos caminhos. Comandar exige olhar amplo e acurado, pois é servir a alguém, criar as melhores condições para que o outro, ou muitos outros atinjam um objetivo particular ou comum.

Respeitar é “fazer-se respeitado, impor-se ao respeito de outrem, dar-se ao respeito”. Exercer a autoridade que nos é delegada pela função que exercemos ou pela situação que vivemos; autoridade que é reconhecida pelos comandados, pela justiça de suas determinações, pelo apoio dado em qualquer circunstância, mas que não é conivente com a fragilidade ou falsas necessidades do outro.

O respeito toma diferentes formas e se concretiza em diferentes modos, talvez por isso seja tão difícil e exija prática e reflexões contínuas.

A vivência do respeito foi a característica de grandes homens e mulheres, que por isso tiveram seus nomes inscritos na História da Civilização ou na história particular de cada um de nós.

O meu conceito de “respeito” foi construído na minha vivência familiar e social; meu avô José que passou a me tratar de “senhora” após minha formatura no magistério, me deu a dimensão da responsabilidade de ser professora; o carinho e o afeto da avó Semyra me deram a importância do afeto nas relações que construí ao longo da vida; a famosa frase de Kennedy (não pergunte o que a América pode fazer por você, mas o que você pode fazer pela América) lida nos anos críticos da adolescência, me levaram ao trabalho voluntário e a olhar a comunidade de forma diferente; a bondade e o respeito no olhar do Professor Manoel – diretor do Grupo Escolar Tomé Teixeira de Itararé – permeia a observação que faço dos meus alunos.

Todos me ensinaram e o Mestre Aurélio com sua competência de síntese condensou os diferentes significados de “respeitar”.

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